Tuesday, October 20, 2009

O nuclear anda por aí...

Uma intervenção recente de Ramalho Eanes na Figueira da Foz a favor da energia nuclear deu o mote para mais uma onda de "debate".
Ontem um artigo de opinião no Jornal de Negócios de um consultor espanhol da Bain & Company deu substracto a esta tentativa, e hoje novamente uma entrevista no jornal i a Ramalho Eanes sobre o assunto.
No que toca a Ramalho Eanes, como ex-Presidente da República há que respeitar a sua opinião e ter algum pudor na reacção.

Já as consultoras não trabalham de borla, e um espanhol não escreve num jornal português por favor ou boa vontade...

O artigo de Ignacio Rios é quase um benchmark (pareceu-me bem utilizar "consultorês") da cartilha dos defensores da energia nuclear em Portugal. A sua ideia de fundo é que a energia nuclear permitiria reduzir o défice energético português, reduzir as importações, reduzir a nossa dependência do estrangeiro, etc.

Primeiro tenta fazer uma comparação com o que outros países europeus estão a fazer, ou a pensar fazer, na questão nuclear. Os exemplos com que nos prenda, Reino Unido, Alemanha e Suécia, são como se sabe países com imensas semelhanças com Portugal, particularmente na geografia e demografia... adiante.

O Reino Unido, Alemanha e Suécia, citados no artigo, sendo países com um clima mais rigoroso (e eu bem estou a senti-lo!) têm um consumo energético particularmente elevado necessário para o aquecimento das casas. Quando se deu a alta de preços do crude e do gás natural sentiram naturalmente um grande impacto na balança de pagamentos, e é natural que vejam o nuclear como uma alternativa.

Não foi o caso de Portugal.

O boletim nº5 de Maio de 2009 do Gabinete de Estudos do Ministério da Economia (pode ser lido aqui) analisa o Preço da Energia e o Défice da Balança Energética em Portugal no período de 2000 a 2008.

E resumidamente o que conclui este estudo: após um aumento acumulado de 10% entre 2000 e 2005, a dependência energética entre 2006 e 2008 DIMINUI cerca de 15% !!

Isto resultou numa poupança de importação de energia de cerca de 1% do PIB português.

Mesmo no período em que crude e gás natural atingiram preços record e provocaram pânico no Mundo inteiro, Portugal consegui poupar na factura energética.

Como bom consultor que deve ser, tendo que justificar o que lhe pagam, o senhor Rios no seu artigo faz um malabarismo na estatística. Refere que em 2006 a dependência energética era superior a 85%, e que em 2008 o saldo importador de enrgia eléctrica foi de 19%. Refere somente estes números, em 2 anos completamente diferentes.

Esqueceu-se de acrescentar que em 2006 a dependência energética diminui quase 12% em relação ao ano anterior, e que em 2008 a importação de energia diminui cerca de 12,5%.

Eu ficaria por aqui, mas temos de passar à componente política da coisa... o Governo liderado por José Sócrates, iniciou funções em 2005 tendo como um dos pilares da sua estratégia a aposta nas energias renováveis e na eficiência energética. Os resultados estão comprovados.

E vai melhorar muito mais - com o novo plano de construção de barragens, os painéis solares nas casas e edifícios, os projectos que estão surgir da energia das ondas, as plataformas eólicas offshore, etc etc. Uma realidade do presente, que irá trazer benefícios hoje.

Portugal é um exemplo mundial nas renováveis, está a criar uma indústria inovadora, a formar quadros qualificados, está a apostar numa área de futuro para as próximas gerações. Foi uma decisão política, foi uma boa decisão do Governo Socialista.

Não é por acaso que o debate do nuclear é provocado sistematicamente por personalidades de Direita, que tentam encontrar uma alternativa programática ao PS, para além dos óbvios interesses empresariais...

A produção de energia nuclear não é necessária no nosso País, sendo um dos principais problemas a questão dos resíduos, que não têm solução, além de que a tecnologia necessária teria de ser toda importada.

Fez-se uma opção estratégica (esta também vem do dicionário "consultorês") nas energias renováveis e há também que promover ainda mais a eficiência energética dos edifícios, onde virá uma grande poupança de energia.

E nunca é demais recordar a grande aposta que se está a preparar na introdução dos carros eléctricos. Esta pode demorar mais tempo, mas virá. Teremos certamente um País ambientalmente mais responsável e economicamente menos dependente do crude estrangeiro.

Quanto ao Nuclear - Não obrigado.

Tuesday, October 13, 2009

Exemplo

A foto ao lado foi tirada e publicada pelo autor do blog Máquina Especulativa.

Nela podemos ver Jorge Sampaio, ex-Presidente da República Portuguesa a servir mais uma vez o País com humildade e dedicação, numa mesa de voto em Lisboa nas últimas eleições autárquicas.

Um exemplo e um orgulho podermos testemunhar portugueses desta categoria.

Friday, October 9, 2009

Egos

Honestamente não sou uma pessoa muito interessada em literatura, nas questões editoriais, nos autores, etc etc. Sou o que se pode chamar um leitor espontâneo, se encontrar algum livro que adivinho que me possa agradar, compro-o, independentemente do género. Não tenho autores favoritos, conheço no geral os principais escritores portugueses, fico-me por aí. Cultura literária muito mediana, to say the least... no entanto fico orgulhoso, principalmente estando fora do País quando leio notícias sobre os nossos escritores, prémios que vão conquistando, por aí fora. Sou português e isso bastaria.

Mas de vez em quando uma pessoa lê críticas como esta de Eduardo Pitta, a uma biografia de António Lobo Antunes, e realmente cria sentimentos opostos ao de admiração, para não dizer logo desconsideração, por supostos "nobelizáveis", e arautos da cultura portuguesa... Se Lobo Antunes afirma todas essas coisas nas entrevistas que dá, é de facto uma ave rara, pelas piores razões... o post é esclarecedor...

Claro que não vou comprar a biografia. Lobo Antunes tem obviamente uma vida demasiado interessante para ser lida por outros...

Peace Nobel


Thursday, September 24, 2009

Evidentemente: José Sócrates


Praticamente em cima das Eleições Legislativas todas as sondagens indicam que José Sócrates será novamente eleito 1º Ministro.

Como português fico feliz. Significa que os portugueses acreditam que o Partido Socialista é o que melhor representa uma nova geração de políticas para o País.

O que me levaria a votar José Sócrates são essencialmente 3 questões:

- a aposta nas Energias Renováveis;
- os resultados do Plano Tecnológico;
- a manutenção e reforma do Estado Social.

Em relação ao primeiro ponto, creio que a maioria das pessoas concordará que foi das políticas mais acertadas da história recente portuguesa. Quem diria há 10 anos atrás que seríamos considerados a nível mundial um dos exemplos nesta área.

As eólicas, o apoio à instalação de painéis solares, o novo plano de barragens, a aposta decisiva nos carros eléctricos são um grande contributo que o último Governo deixa ao País, uma marca indiscutível que beneficiará as gerações vindouras - um País menos dependente de combustíveis fósseis (que terá um peso enorme na balança de pagamentos), menos poluído, e com uma nova indústria de empresas que irão assegurar um volume de postos de trabalho e de capacidade de exportação de recursos fundamental no nosso futuro.

Em segundo lugar, o Plano Tecnológico, e a sua particular incidência na educação. Inglês no básico, banda larga em todas as escolas, o programa Novas Oportunidades (que com todos os seus defeitos colocou centenas de milhares de portugueses novamente a estudar e a requalificar-se), a distribuição dos Magalhães às crianças, novos programas de estágios para jovens, só para dar os exemplos mais mediáticos.

Mas também há que destacar o programa de desmaterialização dos processos da Justiça, os diversos portais e serviços públicos que se criaram na internet, o novo cartão do cidadão, a criação do Laboratório Nacional Ibérico de Nanotecnologia, o protocolo com o MIT e outras universidades americanas, incentivos fiscais às empresas, entre muitas outras medidas que já fazem parte do quotidiano, mas que tiveram efectivamente de ser executadas.

Igualmente uma grande marca de políticas públicas foi o programa SIMPLEX (embora julque que não esteja integrado no Plano Tecnológico) e que foi um virar de página da burocracia estatal. O mérito é todo do Governo de José Sócrates.

Por último, e porventura o que realmente separa a política de Esquerda da de Direita: o Estado Social.

Cada vez estou mais convencido que a intervenção do Estado é fundamental para o equilíbrio e estabilidade social e económico da sociedade. O Sistema Nacional de Saúde, a Escola Pública, a Segurança Social, a Caixa Geral de Depósitos e até mesmo a participação estatal em empresas estratégicas devem continuar a ser um pilar da governação pública.
Esta crise económica mostrou-nos que o Mercado não é a solução para todos os problemas, e a sua imprevisibilidade provoca terramotos financeiros e económicos, perfeitamente evitáveis.
Isto é bastante diferente de defender o fim do Capitalismo, ou das sociedades liberais. Bem pelo contrário. É tudo uma questão de equilíbrio. Imaginemos que, como defende o PSD, tivéssemos um sistema de pensões misto. Durante esta crise muitos portugueses ficariam sem a poupança de uma vida. O argumento dos conservadores é que seria a livre e individual decisão do cidadão, a oportunidade de escolha. Eu respondo que cabe ao Estado precisamente evitar que decisões arbitrárias e muitas vezes inconscientes dos seus cidadãos provoquem convulsões sociais que afectem o bem estar do País.
A mesma coisa para o Sistema Nacional de Saúde. Não concebo uma sociedade onde todos os cidadãos não tenham acesso universal e "tendencialmente gratuito" a cuidados de saúde. Basta afirmar que cerca de 2 milhões de portugueses ainda vivem abaixo do limiar de pobreza. É fundamental a manutenção do SNS, velando obviamente pelo rigor financeiro de modo a não ter um peso negativo nas finanças públicas. Idem aspas para a Educação.

Imaginemos que não havia um banco estatal em Portugal. Quem teria apoiado as PMEs nesta crise? Quem teria ido em auxilío do tecido empresarial e até mesmo de outras instituições financeiras? O que teria acontecido a uma grande fatia dos recursos financeiros dos portugueses (basta ver o que se passou no BPP...)?

A última Legislatura, ao contrário do que diz muita boa gente, não foi uma oportunidade perdida. Foi um passo em frente. Onde se concretizaram reformas fundamentais, e se implementou políticas direccionadas para o futuro.
Tenho a convicção que José Sócrates terá um bom resultado no Domingo. Uma maioria que lhe permitirá governar com legitimidade e convicção.

Wednesday, August 5, 2009

Dream Team

Posta elucidativa de Pinto e Castro no SIMplex:

Se por acaso as coisas nos próximos tempos corressem de feição ao PSD, o país poderia vir a ser comandado por uma autêntica equipa maravilha. Imaginem só:

Presidente da República: Cavaco Silva

Primeira-Ministra: Manuela Ferreira Leite

Presidente da Assembleia da República: Guilherme Silva

Presidente da Câmara de Lisboa: Santana Lopes

Ministro das Finanças: Miguel Frasquilho

Ministro dos Negócios Estrangeiros: Aguiar Branco

Governador do Banco de Portugal: Tavares Moreira

Presidente da RTP: Pacheco Pereira

Seleccionador nacional: Carlos Queiroz

(Encaro esta última situação como particularmente preocupante.)

Wednesday, July 29, 2009

Despesa Laranja

As cabeças pensantes da Direita andam numa grande agitação desde que se "descobriu" que os Governos do PSD foram os que mais contribuiram para o aumento da despesa pública nos últimos 24 anos.

Os números não enganam. O Guterres ficou com a fama, mas o PSD é que tira proveito...

Entretanto o PS também irá apresentar o seu programa de Governo.

Manuela Ferreira Leite lá para o fim de Setembro dirá qualquer coisa para o seu lado... é a oposição que temos...

Escolha Clara

O debate ontem entre António Costa e Santana Lopes pôs novamente a nú as diferenças entre os candidatos. Os Lisboetas sabem ao que vão. Ambos já mostraram no passado o estilo de liderança da cidade.

Para mim é simples: os lisboetas ou querem um Presidente rigoroso, que tem uma preocupação de longo prazo com a sustentabilidade financeira da autarquia, aliado a bons projectos e uma estratégia bem pensada para a cidade, ou querem alguém cuja preocupação principal é mostrar obra, boa ou má, e a qualquer preço, não pensando nas consequências futuras.

Se eu votasse em Lisboa, a minha escolha não seria difícil...

(imagem retirada do site da TVI24)

Wednesday, July 22, 2009

A importância de ser Bento

Vale a pena ler este post de Eduardo Pitta no Da Literatura.

Original publicado no novo blog de apoio ao PS - o SIMPLEX.

Tuesday, July 21, 2009

Rolling to the election

Começo a pensar que a proximidade entre as Autárquicas e as Legislativas será uma má experiência para a qualidade da Democracia portuguesa.

A nível local, dado que Rui Rio tem a eleição do Porto no saco, a maior discussão centrar-se-á sobre Lisboa. Parece óbvio que as campanhas de Sócrates/Ferreira Leite e Costa/Santana vão-se entrecruzar, com constante ruído paralelo.

Com as Legislativas primeiro, os eleitores vão sofrer consequências. Os soundbites ganharão mais importância, a espuma vai-se sobrepôr ao essencial: o programa eleitoral dos partidos.

Estou curioso para saber quais serão as principais propostas do PSD. Até agora sabemos apenas que são pela "política da verdade" (sim... aquele partido do qual alguns membros distintos andam a ser constituídos arguidos no caso BPN...). Na visita que faço ao site oficial vejo também qualquer coisa sobre política fiscal e apoio às PMEs. Portanto, só novidades...

Basicamente a próxima campanha Legislativa vai ser um teste aos últimos 4 anos socialistas e à performance de Sócrates. Desde as Europeias a coisa não está a correr bem... e com António Costa e Santana a ocupar bastante espaço mediático, os próximos meses não ver ser fáceis...

Sunday, July 19, 2009

Friday, July 17, 2009

Alberto no País dos Sovietes

Alberto é uma grande personagem.

Ontem conseguiu pôr as cabecas pensantes a traulitarem sobre os sovietes deste rectângulo à beira mar plantado. Parece que a Constituicao Portuguesa nao proibe os sovietes de comerem as criancinhas, o que indigna o Bokassa, perdao o Alberto.

Entretanto Alberto ainda nao conseguiu encerrar o Pravda da sua ilha, o que certamente lhe causará uma grande frustracao. Os sacanas dos sovietes estao em todo o lado! E ainda enganam os tolos, chamando-lhe Jornal da Madeira. Filhos da mae!

Como se percebe este país está em grande perigo. Felizmente temos o Alberto.

Wednesday, July 15, 2009

Coligações e Movimentos Independentes

Depois de selado o acordo entre António Costa e o Movimento Cidadãos por Lisboa, indo Helena Roseta como nº 2 da lista de vereação, reforcei a minha convicção de que os movimentos independentes são uma forma inconsequente de actuação política.

Primeiro, porque normalmente resultam de conflitos entre militantes ou pessoas que ocuparam lugares de destaque político, em nome de determinado partido. Ou seja, surgem por estratégias pessoais de poder e não por uma verdadeira alternativa política.

Segundo, e também pela forma como surgem, não conseguem estabelecer uma base de apoiantes estável e sustentada. Isto também resulta de não terem os mesmos recursos que um partido.

Por consequência, estes movimentos muito dificilmente conseguem mobilizar-se para uma nova disputa eleitoral. Helena Roseta teve ainda sorte de as intercalares terem sido há apenas 2 anos e picos. Não teria a mesma força política se houvesse eleições no período normal de 4 anos.

O movimento de Carmona Rodrigues é outro bom exemplo. Hoje o ainda vereador decidiu que é melhor começar a dedicar-se mais aos passeios de mota... não teve tanta sorte como Roseta.

Este brinde de Costa é incompreensível, e depreende-se que a sua candidatura está sob alta pressão de Santana Lopes nas sondagens - só assim se pode compreender o engolir deste sapo.

Mas o mais importante, é que está-se a brincar à matemática política. Será que os lisboetas têm agora uma melhor alternativa neste estufado cozinhado por Costa e Roseta? E depois há ainda o embrulho com Manuel Salgado. Afinal dizem que se mantém como vice-presidente, e em caso de renúncia de António Costa seria ele o substituto. Mas isso é ilegal... e só resultaria se Roseta também renunciasse ao mandato... uma salganhada!!!

Ainda vamos ter uma grande surpresa nos resultados das autárquicas em Lisboa. Espero estar enganado...


Thursday, July 9, 2009

Por aí

Deve ser do Verao, a vontade de escrever alguma coisa nao é muita...

Em Portugal, tudo na mesma.
Justica desacreditada, shows de banqueiros em Comissoes de Inquérito Parlamentares, manifestacoes "democráticas" em que se chama tudo e mais alguma coisa ao 1° Ministro, com direito a petardos e tudo (gente grossa a ganhar quase 5.000eur por mês é outra coisa...), o retorno aos ecras da TV de escândalos políticos já esquecidos, afinal as eleicoes estao à porta, Ministros a irem de cornos, etc etc...

Já nao se deve chamar silly season. É a normal season.

Tuesday, June 9, 2009

Muito preocupantes mesmo...

Ler com muita atenção este post no Da Literatura.

Que seja apenas uma situação conjuntural, derivado da crise económica e desespero...

Monday, June 8, 2009

Europeias

Em Portugal ganhou o PSD. Não vou dizer que seja uma surpresa, mas não creio que seja um espelho do eleitorado no seu todo. Na minha opinião José Sócrates vai ganhar as Legislativas.

O que para mim foi o verdadeiro realce dos resultados, foi o score do BE e da CDU.

Ao segurarem o seu eleitorado e crescerem, particularmente o BE, é sinal de que caso o PS ganhe as Legislativas será por uma maioria muito relativa.

No entanto, continuo a achar que o ponto fraco do PSD é Manuela Ferreira Leite. Representa um passado não muito famoso de governação, como Ministra das Finanças, e ccreio que os portugueses têm memória...

O PS não ganhará pela esquerda, mas sim pelo centro do eleitorado. Como sempre.

Passeando por aí...






















Monday, May 25, 2009

Susan Boyle: Unbelievable...

Parece que já há 1 mês que deu a volta por tudo o que é talk show, mas só agora reparei (andei distraído com o Eurovision...).

É simplesmente inacreditável. Não digo quantas vezes repeti, por vergonha... se isto não ensina uma lição de carácter então não sei o que poderá ensinar.

Favor ver aqui: http://www.youtube.com/watch?v=9lp0IWv8QZY&feature=related

Sunday, May 17, 2009

Eurovision

Aqui vai uma posta à emigra: gostei e fiquei orgulhoso da canção. Representaram o País condignamente e em português. Assim vale a pena. Pronto, está dito e escrito :)

Tuesday, May 12, 2009

Adesão Turca à UE

Ao observar a visita de Estado do Presidente da República à Turquia, e lendo o contínuo debate sobre a possível adesão deste País à UE, relembro sempre um artigo de opinião que escrevi no jornal O Figueirense em Dezembro de 2004, do qual transcrevo um excerto:

«Turquia.

Ao pensar na ideia de a Turquia aderir à UE, rapidamente tendo a tomar uma posição: ser contra essa integração.

Como europeu não me sinto minimamente identificado com a realidade turca, e muito provavelmente nem eles com a minha. Tenho sérias dúvidas quanto ao facto de se poder considerar a Turquia um país europeu, já que 97% do seu território encontra-se no continente asiático, e também devido à sua cultura islâmica (99% dos turcos são muçulmanos). Sendo um país subdesenvolvido e com 65 milhões de habitantes (30% tem menos de 15 anos e 40% vive no campo), os restantes países da UE seriam completamente “invadidos” por cidadãos turcos em busca de melhores condições de vida, com todas as consequências sociais que tal fluxo migratório traria aos países que os acolhessem.

Economicamente, a adesão da Turquia iria provocar problemas aos países mais pequenos como Portugal. Os principais sectores de produção na Turquia são os texteis, a electrónica, a indústria automóvel (além da agricultura e do sector extractivo). Tendo em conta os baixos salários e as políticas fiscais atractivas, certamente muitas empresas iriam deslocalizar a sua produção para aquele país. Noutro plano, os direitos humanos continuam a ser gravemente violados (apesar de algumas das novas reformas impostas pela UE), e é algo que tem de ser amplamente contrariado, independentemente da adesão ou não.

Com a Turquia as fronteiras da UE estenderiam-se ao Médio Oriente com todos os perigos que tal opção figuraria, num mundo dominado pelo medo do terrorismo, medo esse que influencia os resultados eleitorais nos países ocidentais. Ora, é algo inato ter esta tendência para rejeitar a adesão da Turquia à UE. Aliás, muitos dos habituais comentadores europeus (e portugueses) são contra a entrada desse País. A posição dominante da extinta Convenção Europeia, presidida por Giscard d'Estaing, foi toda anti-Turquia, e a maioria dos governantes europeus têm medo da entrada da Turquia. Particularmente a França, sendo o país europeu que mais entraves está a colocar às negociações.

No entanto, nem tudo o que é inato significa ser o mais correcto e justo. E por isso mesmo, não posso estar contra a adesão da Turquia.

Nem contra a adesão de outros quaisquer países, que tenham uma ligação europeia. Quais seriam os valores e princípios que sustentariam uma União Europeia segregadora e com traços xenófobos? O que seria uma União Europeia com medo do futuro, conservadora, sem uma energia moblizadora que a levasse aceitar sem preconceitos diferentes raças e credos, diferentes culturas e religiões. Que União seria essa que não aceitava contribuir para o desenvolvimento de outros países, necessitadas de um dínamo encorajador, democrático, reformista e pró-desenvolvimento sustentável?

Li, no último fim de semana de Novembro, um artigo noticioso no Caderno de Economia do Expresso: Turquia “Economia rumo ao futuro”. A Turquia teve uma das melhores performances económicas do ano. Irá crescer 10% este ano, conseguiu controlar a inflação, a sua moeda tem-se mantido estável, a sua Dívida Pública está a diminuir. Respira-se confiança. Tudo resultado das reformas postas em prática pelo novo Governo pró-EU, liderado por Recep Erdogan, do partido AKP (Partido da Justiça e Desenvolvimento). Graças ao objectivo de convergir com os critérios de adesão à União Europeia, a Turquia orgulha-se de iniciar uma nova etapa da sua História, e poder alcançar a adesão à União Europeia.

Na minha opinião, o único motivo que levam a maioria dos políticos e agentes políticos a colocar entraves à adesão da Turquia é a religião. Eles são muçulmanos portanto não têm nada a ver connosco, é mais ou menos este o diapasão. E se prevalecer, será um erro histórico.

A Turquia necessita do “soft power” da UE e não do “hard power” dos EUA, utilizando uma expressão de Nuno Severiano Teixeiro, docente universitário e antigo Ministro da Administração Interna do PS. Precisa que lhe digam: “estaremos cá para vos receber, continuem as reformas para o desenvolvimento económico, social, e para a democracia”. Basicamente a Turquia necessita que a EU aja como um verdadeiro exemplo para o Mundo. Não os podemos desiludir.»

Monday, May 4, 2009

Foooo...

Para a malta benfiquista... já que não nos dão alegrias no campo...


Friday, May 1, 2009

Vergonha

As agressões e insultos hoje a Vital Moreira demonstram que o PCP, particularmente reflectido nos seus militantes mais jovens - como se vê claramente nas imagens - é um partido que não sabe viver em Democracia. É o que basta dizer.

Thursday, April 30, 2009

A Política - essa grande porca...

Acabei de ler uma notícia, que saiu no Expresso do fim de semana passado, sobre a forma como foi constituída a lista ao Parlamento Europeu do PSD. Resumindo: uma pouca vergonha.

Nesta situacao observa-se a diferenca entre uma lideranca partidária forte, e outra fragilizada.

Olho para a lista do PS e encontro no top10 - 7 dos actuais euro-deputados, 3 ex-ministros, e o cabeca de lista, cujo currículo é inquestionável (o mesmo direi do candidato do PSD). Um representante dos Acores em 6° e da Madeira em 11° (sendo que este é actual eurodeputado).

Olho para o PSD e para a notícia do Expresso - e leio que uma concelhia (!!!) exige um lugar, a praticamente totalidade dos actuais eurodeputados varridos, e a Madeira e os Acores em ameacas. Reconheco o cabeca de lista, o número 2 (o faz tudo Carlos Coelho...), e uma ex-ministra em 3°. O resto desconheco. Para mim é uma misturada sem nexo, salvo melhor opiniao. E tudo votado de braco no ar para nao dar barraca...

Isto nao quer dizer que o PS nao tenha problemas, ou que no PSD seja sempre assim. Nao. Isto é apenas o retrato do actual momento das duas liderancas.

Wednesday, April 29, 2009

Sunday, April 12, 2009

Sócrates 2009

O site está excelente - na minha modesta opinião o melhor site eleitoral que já se fez em Portugal.

Mas vai ser um ano muito duro para Sócrates...

Thursday, April 2, 2009

Previsoes...

Os investidores em bolsa já nao reagem aos bons ou maus resultados das empresas.

Reagem à comparacao com as previsoes de analistas. Vamos no bom caminho...

Wednesday, April 1, 2009

Memória, essa velhaca...

No dia 8 de Novembro de 1997, o Ministro da Defesa António Vitorino apresenta a sua demissao por informacao de no dia seguinte ir ser publicado no jornal O Independente acusacoes de fuga ao fisco.

Entretanto António Vitorino limpa o seu nome (na medida do possível...), e foi Comissário Europeu durante 5 anos, onde teve uma accao de relevo. Mantém-se como uma das principais figuras do Partido Socialista.

Era a política há uma década atrás.

Monday, March 30, 2009

A Província de 1858

Durante meses, no decurso de dois anos, tive de vagar pelos distritos centrais e setentrionais do reino. Pude então observar amplamente quantas misérias, quanto abandono, quantos vexames pesam sobre os habitantes das províncias, principalmente dos distritos rurais, como o vosso, que constituem a grande maioria do país. Vi com dor e tristeza definhados e moribundos os restos das instituições municipais que o absolutismo nos deixara: vi com indignação essas solenes mentiras a que impiamente chamamos instrução primária e educação religiosa: vi a agricultura, a verdadeira indústria de Portugal, lidando inutilmente por desenvolver-se no meio da insuficiência dos seus recursos; vi, em resultado dos erros económicos que pululavam na nossa legislação, a má organização da propriedade territorial e a desigualdade espantosa na distribuição das populações rurais, precedida da mesma origem, e dando-nos ao sul do reino uma imagem das solidões sertanejas da América, e ao norte uma Irlanda em perspectiva: vi a injusta repartição e a pior aplicação dos tributos e encargos: vi a falta de segurança pessoal e real, especialmente nos campos, onde o homem é obrigado a confiar só em si e em Deus para obter: vi um sistema administrativo mau por si e péssimo em relação a Portugal, com uma hierarquia de funcionários e uma distribuição de funções que tornam remotas, complicadas, gravosas, e até impossíveis, a administração e a justiça para as classes populares, e incómodas e espoliadoras para as altas classes: vi, sobretudo, a falta da vida pública, a concentração do homem na vida individual e de família, que é ao mesmo tempo causa e efeito da decadência dos povos que se dizem livres: vi todos esperarem e temerem tudo do governo central; confiarem nele, como se fosse a Providência; maldizerem-no, como se fosse o princípio mau: ideias completamente falsas, posto que bem desculpáveis num país de centralização; ideias que significam uma abdicação tremenda da consciência de cidadão, e da actividade humana, e que são o sintoma infalível de que os males públicos procedem, não da vontade deste ou daquele indivíduo, da índole particular desta ou daquela instituição, mas sim do estado moral da sociedade e da índole em geral da sua organização.

Alexandre Herculano, Carta aos Eleitores do Círculo Eleitoral de Sintra, Jornal do Commercio, Lisboa, 1858. Tirado daqui.

Wednesday, March 25, 2009

Mai Nada



Gentilmente enviado pelo tb benfiquista Nuno.

Tuesday, March 17, 2009

Pág. 161

O Pedro Prola teve a simpatia de me incluir na corrente da moda. Abrir o livro mais próximo na pág. 161, e transcrever a 5ª frase completa da mesma.

Lá fui à mesinha de cabeceira:

The quiet life has shown up in the rate of productivity growth.


O livro é "The bottom billion - why the poorest countries are failing and what can be done about it", de Paul Collier (ed. Oxford University press).

Recomendo vivamente a leitura - e ainda não o acabei.
Infelizmente da minha parte a corrente não passará daqui :)

Wednesday, March 11, 2009

As Elites nao têm que saber dividir

Das melhores coisas que li nos últimos tempos - transcrevo por inteiro a posta de Pinho Cardao do Quarta República:

Aqui há dias, numa roda de amigos, discutia-se o caso da sentença do Juiz que “reduzira” a penhora de um réu de 1/6 para 1/5 do vencimento mensal.
Havia quem sustentasse que o Juiz deveria ter uma assessoria que lhe fizesse as contas, já que estava lá para julgar e não era obrigado a saber fazê-las.
Creio que o episódio demonstra o facilitismo em que insensivelmente todos fomos caindo. Ninguém é obrigado a nada. E devemos ter um ajudante para as tarefas elementares a que somos obrigados.
Contas com números fraccionários ou quebrados aprendiam-se na terceira e na quarta classe. E quem não soubesse calcular o valor decimal de 1/5 ou de 1/6 levava pela certa duas palmatoadas das antigas para melhor assimilar o conceito.
Agora, um Juiz não é obrigado a saber dividir um por cinco. Pela mesma ordem de razões, um engenheiro projectista não é obrigado a saber o que é uma montanha, um advogado a saber onde fica a Europa, um economista a distinguir a China do Japão, um oficial de artilharia a distinguir um campo de futebol no Algarve de um campo de tiro no Afeganistão. E um político não é, obviamente, obrigado a saber nada!...
Tempos houve, aliás, em que no exército português o oficial não era obrigado a saber ler, minudência que se destinava ao sargento. E em muitas sociedades era mesmo matéria que competia aos escravos mais ilustrados, alguns mesmo adquiridos especialmente para o efeito.
Desconfio que estamos a retornar ao ponto em que as elites não têm que saber nada, descarregando nos consultores, nos assessores e nos calculadores as matérias perturbadoras do seu exclusivo direito de existir e prosperar.
O que traz óbvias vantagens às elites. Se a coisa dá para o torto, está ali à mão o culpado. Para isso, e por isso, é que são elites!...

Monday, February 23, 2009

Freida Pinto


A outra estrela de "Slumdog Millionaire" tem um apelido familiar... claro que só podia ter raízes goesas. Uma Pinto nos Oscares...!

Sunday, February 22, 2009

Ridículo

Há coisas que deixam uma pessoa pasma. Através do Abrupto leio um recorte de uma entrevista de Pedro Passos Coelho, nem faço ideia em que jornal.

Passos Coelho, uma personagem que foi presidente da JSD nos anos 90, acumulando com deputado, sem estudos académicos nem actividade profissional na altura, ou seja, político profissional, tem o descaramento de afirmar que quando era novo lia Steinbeck, Tolstoi, Kafka, Satre e Voltaire... preferia o ensaio à literatura, era mais directo...

O assistente que lhe passou a lista de autores fez tão bom trabalho que Passos Coelho até se enganou no título do livro de Satre...

De facto, o PSD já encontrou o seu Sócrates...

Monday, February 9, 2009

Vicky, Cristina... maybe just Barcelona!

Depois de ver "Vicky Cristina Barcelona", o novo filme de Woody Allen, além da boa apresentação dos actores - Rebecca Hall, Scarlett Johansson e Penélope Cruz tornam os 90m de filme um tempo muito agradável... - o que realmente me ficou na memória foi uma e só palavra: Barcelona.

Todo o filme é como se fosse um campanha publicitária à cidade. Apesar de passar também pelas Astúrias, praticamente tudo roda à volta de Gaúdi, Miró, os monumentos, os restaurantes, as ruas, as mercearias, as pessoas, a música, tudo o que respire Barcelona.

Começa a abrir com uma música de Giulia y Los Tellarini chamada... Barcelona, cuja letra repete sistematicamente a palavra... Barcelona. A um ritmo agradável, e a que é impossível desligar.

Para não estar aqui com mais poetices, a questão que retiro disto é: quando é que alguém faz um filme deste género sobre Lisboa. Ou sobre o Porto, para o caso.

Este filme foi subsidiado por tudo o que é autoridade pública catalã. E terá o nome e as imagens da cidade espalhadas por todo o Mundo por vários meses, vistas por milhões de pessoas. Um folhetim turístico incomparável.

Não era mais produtivo o ICAM (ou lá como se chama...) investir uns milhões em algo assim em Portugal? Gastamos uns valentes euros do erário público para financiar a "criatividade" de vários realizadores, cujas obras de arte conseguem ser visualizadas por meia dúzia de almas, e o que é que ganhamos com isso...? Ok, para não ser totalmente injusto para uma indústria que desempenha um papel importante na divulgação do português, o que por si já não é pouco - que tal investir os milhões do "west coast of europe", as vaquinhas da Praça de Espanha, ou raio que os parta, e todas as campanhas que anualmente estoiram dinheiro de todos os contribuintes, e investissem numa produção cinematográfica deste género. Se fosse bem feita, com bons actores e um bom realizador... ou será apenas uma patetice, e também um desperdício de € ??
Para Barcelona resultou muito bem...
Já agora posto uma das músicas da banda sonora do filme - Astúrias, de Isaac Albeniz.
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Sunday, February 8, 2009

SNS

Estive a divertir-me a comentar um post sobre uma possível privatização do SNS no Esfera no Horizonte.

Aqui fica o meu comentário para quem tiver paciência de ler até fim:

Caro Pedro,

isto vai aqui uma salganhada… começando pelo início:

o SNS não é um monopólio, nem deve estar sujeito à teoria dos mercados. Como podes facilmente verificar, o SNS foi criado de modo a assegurar o direito à saúde (promoção, prevenção e vigilância) a todos os cidadãos. O direito à saúde é um direito que não estará garantido caso a prestação de cuidados de saúde estivesse totalmente entregue às mãos de privados.

Um sistema privado de saúde tem de ter como objectivo o lucro, pois de outra forma não é sustentável. Bom… há outra forma que é ser subsidiado. Hmmm… É por isso que os Estados, nomeadamente o Português, garante aos seus cidadãos esse mesmo serviço, pois considera-se o seu acesso um direito fundamental.

Diz-nos o art 2º, cap I, do Estatuto do Serviço Nacional de Saúde:“O SNS tem como objectivo a efectivação, por parte do Estado, da responsabilidade que lhe cabe na protecção da saúde individual e colectiva.”

Como estudas Direito deves perceber + deste paleio do que eu - em todo o caso podes pedir ao Vital Moreira para te dar umas explicações…

Como é evidente, não há sistemas perfeitos, o Estado é ineficiente, burocrático, uma chatice. Por isso é que temos problemas de todos os tipos, de meios, de condições, de médicos, enfermeiros, técnicos, etc. Mas em todo o caso, qualquer pessoa sabe que independentemente das falhas do serviço público, esse serviço ser-lhe-á prestado, por um custo reduzido.

Como cidadãos e contribuintes é esse o contrato social que fazemos com o Estado - nós vamos aguentando a máquina com os nossos impostos, para quando chegar o dia em que precisarmos de ajuda, ela não nos falte. O mesmo se passa com a justiça, segurança social, administração do território, etc etc.

Falar de “livre concorrência e competitividade no sistema público de saúde” é um conceito que faz muito pouco sentido nestas premissas. O SNS não existe para concorrer com ninguém. Existe para prestar um serviço público. É mesma coisa que dizer que as polícias não permitem às empresas de segurança um mercado livre e competitivo…

Há um problema de despesa, pois há. Esse é um problema iminentemente político. Temos de fazer opções: ou optamos por manter este sistema público, que garante a todos os cidadãos, sem excepções nem complicações, os cuidados de saúde, com os nossos impostos, ou então optamos por privatizar ou fechar o SNS, e assim teremos um Ministro das Finanças muito feliz, mas um País com graves problemas de desigualdade no acesso ao saúde.

Isto é muito importante. É que não estamos a falar de telefones e telemóveis. Ou de produção eléctrica (embora aqui tb houvesse mto para dizer…). Estamos a falar da saúde das pessoas.
Filas de espera? É um problema grave. Mas não insolúvel. É possível melhorar o SNS - muito. Basta observar as melhoras práticas públicas noutros países - Alemanha, Escandinávia etc. São necessário reformas. Mas não só na saúde, em diversas áreas. A inefiência dos nossos serviços públicos não é endémica. Façam-se reformas e vejam-se os resultados.


(já agora, espero que essa do governante turco tenha sido uma piada, pq senão inventaste um novo facto científico: a gripe aviária poder ser transmitida por uma ave morta e cozinhada…)

Concretamente ao que propões, que dou o desconto dos devaneios da idade tenra, julgo que já dei uma resposta. O SNS não se pode entender como uma sistema monopolístico, pois presta um serviço público universal, nem serve para fazer concorrência aos privados. Os privados podem ou não fazer concorrência com o Estado ou entre si, mas isso é problema deles. Creio no entanto, que há de facto necessidade de redesenhar o conjunto de infraestruturas do Estado. Fechar aquelas cujo custo é demasiado superior ao seu benefício social, centralizar regionalmente recursos, aumentar a produtividade, etc. Era o que este Governo estava a tentar fazer, e que ainda faz, embora + timidamente. Politics sucks, c’est la vie…

No resto vamos então uma a uma:

“O lucro resultante (da privatização) seria votado à constituição dum fundo com fins solidários”.
Sim senhor… e então de onde vem a remuneração do capital accionista das empresas privadas?
“para ajudar a financiar os seguros de saúde dos mais pobres ou dos recusados pelas seguradoras”


Portanto privatiza-se um serviço público para acabar com a despesa, para passarmos a um sistema privado subsidiado. Hmmm… interessante. Mas ao menos aqui algo bem dito - as seguradoras, como empresas privadas cujo objectivo tb é o lucro, nesse sistema recusam financiar muitas pessoas. Pois é…

“redução emergente de gastos teria de corresponder um abaixamento fiscal no rendimento das famílias”

Esta é uma clara opção política que porventura cava um dos maiores fossos entre Esquerda e Direita. Eu convictamente defendo que uma % justa dos nossos impostos seja utilizada para financiar o sistema público de saúde - sendo que se deve empregar esse dinheiro da forma + eficiente possível. Pelos motivos já enunciados atrás.

“O Estado poderia até manter o direito constitucional à universalidade da prestação de cuidados de saúde, impondo aos cidadãos o dever de contrair seguro de saúde ou de pagar o correspondente a um seguro-base detido pelo Estado (ou concessionários), e financiando, total ou parcialmente, o seguro dos menores e dos que comprovassem não ter meios para contrair um seguro (com recurso ao tal fundo solidário).”

Ora bem… como é que se garante a universalidade do serviço sem um sistema público? Não há sustentação empírica para essa afirmação. O “dever” de contrair seguro? Não queres antes dizer a obrigação de pagar a uma empresa privada por algo que anteriormente pagava ao Estado…? Ainda para mais sem a garantia que o capital que estou a investir no seguro tenha retorno - o objectivo da seguradora continua a ser o lucro,e pode considerar os tratamentos que eu necessito para um cancro despesas injustificáveis… pelas tuas soluções apresentadas o Estado é que se tinha de chegar à frente… Hmmm… again.

Isto é pescadinha de rabo na boca. Um pouco como a actual situação dos bancos. Ora as administrações dos bancos exigem que o Estado ajudem a abater os activos tóxicos, entrando com capital, mas sem mexer na sua estrutura accionista. Nacionalizar prejuízos, privatizar lucros. É um contrato que não beneficia o contribuinte e cidadão. O mesmo se passaria com a saúde. Ou seja, optamos por privatizar um serviço, por convicção de que nas mãos dos privados tudo irá funcionar melhor, mas a única forma de tentar resolver (sem garantia) os problemas que eventualmente vão surgir é o Estado se chegar à frente com o dinheiro dos… contribuintes. Pagamos aos privados para nos prestarem um serviço - e pagamos ao Estado para ajudar os privados a nos prestar o serviço. Ahhh… pure poetry.

Outro debate interessante é o da segurança social. Que o PSD não há mto tempo queria privatizar pq considerava que era única forma de o sistema ser sustentável a longo prazo. A crise dos mercados financeiros julgo ter ensinado uma lição a essa gente.

Ora, se privatizássemos o SNS - empresas privadas, capital privado, mercados de capitais… ring a bell…?

Um abraço - e não leves a mal. It’s just politics ;)
Iglésias

Thursday, February 5, 2009

Charles Darwin - A Origem das Espécies

Esta semana entreti-me com a leitura do The Origin of Species, do Charles Darwin (título original: On the Origin of Species: By Means of Natural Selection or The Preservation of Favored Races in the Struggle for Life). Comemorando-se 150 anos da publicação do livro, é particularmente pertinente celebrar o génio deste grande cientista, que nos ofereceu uma das obras fundamentais da humanidade.

Decidi a comprar a versão original em paperback (reimpressão da 1ª edição, de Novembro de 1859), para ler rapidamente, e a versão hardcover de uma edição ilustrada - que de passagem me parece bem feita, com fotos, pinturas, estudos botânicos e zoológicos, artigos de jornal e correspondência trocada entre Darwin e diversas personalidades . Aconselho definitivamente a compra, pois está em promoção aqui no Amazon.co.uk.

Durante o fim de semana vou escrever mais qualquer coisa sobre este senhor.




Sunday, February 1, 2009

Climate Change

Janeiro foi o mais chuvoso dos últimos 30 anos em Portugal - in DN

Depois dizem que as alterações climáticas é uma fantasia...

Thursday, January 29, 2009

Sócrates Gate

O título é obviamente exagerado. Sinceramente nem estou a acompanhar com muita atencao os contornos do caso Freeport. Mas sei o essencial - há suspeitas de o 1° Ministro estar envolvido. Mas de suspeicoes a factos vai um grande passo.

O problema que se coloca neste caso é a fraca qualidade e morosidade da justica portuguesa permitir o surgimento deste casos. Coloca-se em cheque o 1° Ministro por eventuais/alegadas suspeitas de estar envolvido no recebimento de luvas.

Isto é inaceitável numa sociedade democrática - é inaceitável terem-se passado tantos anos sem se chegar a uma conclusao.

Da parte de Sócrates, além da questao judicial em si, é o problema político da sua imagem e crediblidade. Já nao é a primeira vez que se vê envolto em casos dúbios que envolvem o seu carácter e ética. Até hoje conseguiu provar que nunca esteve envolvido em nenhuma situacao ilegal, ou no mínimo politicamente inaceitável.

Mas estes casos acumulando provocam danos. Veremos as próximas sondagens.

Tuesday, January 27, 2009

Ano Horrível

Entrámos num período irreversível. Todos os dias lemos notícias de layoffs assustadores, com milhares de pessoas a receberem guia de marcha.

Profissionalmente na empresa sentimos o problema especialmente, pois alguns dos nossos principais clientes estao a passar por grandes reestruturacoes devido à crise. Afecta todos.

Sinceramente nao sei quando é que isto vai parar. Mas há países com mais sorte que outros. A Noruega por exemplo vai investir parte da sua poupanca (do fundo do petróleo - e será apenas uma migalha considerando o valor total do fundo) para suavizar a crise.

Nem todos foram abencoados com abundância de recursos naturais... mas teremos que encontrar igualmente solucoes para ultrapassar esta etapa.

Wednesday, January 21, 2009

Previsível

Pedro Magalhães tem demonstrado no Margens de Erro as tendências de voto dos últimos 3 anos. É interessante, embora previsível, verificar que há uma clara correlação entre a performance do PS e PSD nas sondagens. Quando um melhora o outro piora, e vice versa.

Depois temos ainda a observação fantástica que durante a liderança de Filipe Menezes a performance do PSD foi a melhor no espaço de 2 anos, em claro contraste com a recente liderança de MFL em que o PSD caiu novamente, subindo o PS.

Ora, algo nos diz que até às Legislativas muita água vai correr da fonte do PSD. Tenho a impressão que a senhora não há de durar muito... ou por outras palavras, não há de lá chegar...

New Beginning

Encontro pouca gente pela blogosfera, twitter, media, etc, que nao tenha ficado intensamente impressionado pela cerimónia de ontem.

Nao só pela questao do número de pessoas a assistir, embora julgue que nao se tenha batido nenhum recorde, ou pela beleza da própria cerimónia, o que nao é nada de inédito. Ontem fez-se história porque se iniciou um novo ciclo político mundial, e todos os que viram a tomada de posse sabem exactamente isso.

É extraordinária a forma como Barack Obama conseguiu congregar uma enorme esperanca no futuro nos cidadaos americanos (e nao só...), fazê-los acreditar que era possível fazer muito melhor. A enorme operacao de marketing da sua campanha ajudou, bem como o desastroso final da administracao Bush. Tudo circunstâncias que ajudaram a eleger um político com enorme carisma e, espera-se, capacidade de gerar mudancas políticas. Um verdadeiro líder.

George W. Bush vai igualmente ficar para a história. Os seus 8 anos estao brilhantemente descritos por Bob Woodward em vários volumes. As suas políticas um desastre, a sua lideranca uma desgraca.

Para os afro-americanos este é igualmente um novo início no que concerne às relacoes raciais nos EUA. Imagino que seja uma grande emocao observar a ascensao de Obama ao principal posto político do País, quando há pouco tempo atrás nem poderiam entrar em todos os restaurantes...

Julgo que devido à actual crise financeira/económica o mandato de Obama nao será fácil, e haverá concerteza muitos tropecoes, falhas e erros. É normal. Nao há nenhum Governo nem político perfeito.

Mas será concerteza muito mais positivo que a última década. Disso nao tenho dúvidas, e é aí que reside a Esperanca.

Notícias


Uma pessoa olha para a caixa de links da TSF e assusta-se...


Friday, January 16, 2009

Twitter

Finalmente coloquei o Twitter aqui no blog - podem acompanhar os meus updates na coluna a lado - que nao tem sido muitos...

Risca Azul

Há tempos surgiu uma interessante risca azul no meio do template do blog, como todos podem observar. Escusado será dizer que as minhas limitacoes técnicas ainda nao me permitiram resolver o problema...

ADENDA: Resolvido! Thanks Alex e Nuno

Glorioso

“O Rui é um amigo que se comportou de forma maravilhosa connosco. Estou muito agradecido. Vi um grande jogo e um grande estádio. O Benfica tem um dos melhores estádios que já vi. A minha estada em Portugal foi infelizmente curta, mas ao mesmo tempo muito boa”

Maradona, em declarações à Benfica TV

A lata sindical

Através do Corporacoes volto a ler a verdadeira incoerência dos sindicatos portugueses.

No combate político exigem um aumento de 5,9% nos vencimentos dos funcionários públicos ao Governo, mas para os seus próprios funcionários um aumento de 3% é suficiente. Ao fim ao cabo é necessário manter um equilíbrio orcamental... pois é...

Convém nao esquecer que o Governo propôs um aumento de 2,9% para 2009...

E vai assim o sindicalismo português...

Friday, January 9, 2009

Ah !

Esta foi muito bem apanhada. Palavras para quê.

Pois é...

Já se sabe que o rendimento disponível das famílias em 2009 vai aumentar, devido principalmente à baixa da taxa de inflacao, dos juros bancários, etc.

A palavra de ordem é manter o emprego. Parece fácil...

Diferencas

O Commerzbank foi parcialmente nacionalizado.

Para os alemaes a vida continua sem histerias colectivas...

Tuesday, January 6, 2009

Surviving

Ainda nao vi a entrevista de José Sócrates ontem na SIC. Mas pelo que já li hoje de manha, o 1° ministro já comecou a pré-campanha, e está até preparado para uma eventual antecipacao da data das Legislativas. Pede maioria absoluta, pois claro.

Sócrates ao manter aquele seu estilo combativo e convicto, muito do agrado de uma larga franja dos portugueses, eu incluído, entrou com o pé direito no novo ano.

Já está dito e repetido que o próximo ano vai ser difícil. Logo é necessário que as pessoas percepcionem firmeza na lideranca do País. Pode cometer erros, implementar más medidas, mas nao pode dar passos atrás. A nível de políticas públicas 2009 tem de ser proactivo, fazer o possível - no caso do Governo obras públicas, apoio social, apoio às empresas.

O resto nao dependerá de nós, e sim do desenvolvimento global da economia, e particularmente para os portugueses, da Alemanha e Espanha. É preciso literalmente sobreviver, e nao deixar a taxa de desemprego atingir os 10%.

Entretanto, vem aí um longo ciclo eleitoral...

Monday, January 5, 2009

Saudade


Se há imagens que me deixam com saudades de Portugal, esta bem pode ser uma delas.

Excelentemente postada no Berra Boi, de Francis Afonso

Saturday, January 3, 2009

Friday, January 2, 2009

Novo Ano, Vida Nova



Era bom que a crise tivesse tropeçado no último dia 31, e permanecido em 2008. Mas não. Está para durar.

A produção industrial, tanto nos EUA como na Europa, diminuiu drasticamente e não irá recuperar tão depressa. Demasiadas fábricas a fechar, demasiados serviços a terem que encerrar, demasiados pessoas atiradas para o desemprego.

Em Portugal andam com um debate desgraçado sobre o novo Estatuto dos Açores e sobre o Orçamento de Estado para o próximo ano. Pelos jornais e blogosfera a "malta" atira-se ao Estado, por tudo e por nada. Ao Presidente, ao Governo e à AR. E a tudo o resto.

Se há alguém que tenta dar algum ânimo para os tempos que vêm chamam-lhe "irrealista" e "vendedor de sonhos".

Como sempre, e ao contrário dos Americanos, iremos sempre perguntar o que é que o País pode fazer por nós, e não o contrário.

Adenda: um Bom Ano Novo para todos :)