Wednesday, November 19, 2008

11%

Uma pessoa lê jornais portugueses, blogs, e assiste aos noticiários. Como sempre apreendemos que Portugal é um buraco sem fundo, nao tem emenda, é só desgracas, é só tristes a governarem-nos (esta última tem o seu quê de verdade...). Ainda por cima estamos perante uma crise mundial!!! Tristeza ao quadrado, ou ao cubo...

Pois no meio desta da habitual depressao colectiva leio no Diário Económico que o Ministério da Saúde reduziu em 11% o número de funcionários, entre 2005 e 2007.

Ora, se todos os organismos públicos reduzissem o pessoal em 10%, a reforma do Estado estava praticamente feita... já ninguém se lembra de Correia de Campos pois nao...?

OK - agora esquecam que leram isto, e voltem à vossa lamechisse de sempre......

Sunday, November 16, 2008

Este fim de semana sinto-me assim...



(com a devida vénia ao Há Vida em Markl)

Povo Unido...

Não ando com grande inspiração/paciência para escrever umas postas, mas há coisas que deixam uma pessoa estupefacta.

Imaginem se em Portugal o boletim de voto fosse como no Estado de Minnesota, nos EUA:

http://www.sos.state.mn.us/docs/2008_general_example_ballot.pdf

Friday, November 7, 2008

Barack Obama


Até parecia mal nao postar nada...

Monday, November 3, 2008

Nacionalização do BPN (2)

Hoje os jornais dizem-nos que a nacionalização do BPN é fundamental para "salvar" o sistema financeiro português.

Se os jornais dizem é porque deve ser verdade...............



Entre as várias notícias de nacionalizações, empréstimos, e recapitalizações de bancos na União Europeia, é com alguma satisfação que observo que o banco onde tenho as minhas contas na Alemanha mantém-se sólido: o Volskbank.

(espero não ter de morder a língua daqui a uns tempos...)

Twitter

A partir de hoje estou no Twitter - espero que mais se juntem... basicamente é um conceito muito mais simples e interactivo que um blog. E dá menos trabalho a manter... 140 caracteres fazem milagres...

Podem ler-me aqui:

http://twitter.com/miguel_iglesias

Mas claro que também vou continuar aqui...

Sunday, November 2, 2008

Nacionalização do BPN

Depois da posta anterior, que me tomou algum tempo, já refastelado por saber que o Benfica ganhou em Guimarães, pensava que hoje já não escrevia mais nada. Entretanto dou com a extraordinária notícia da nacionalização do BPN...

Lendo o que saiu na comunicação social, esta nacionalização não faz qualquer sentido.

A crise que se abateu no BPN não tem nada a ver com a crise do mercado de crédito, mas sim com burlas e fraudes desta instituição, que claramente a colocaram numa situação insolvente, com prejuízos e incapacidade de cumprir obrigações.

Deve o Estado utilizar o dinheiro dos contribuintes para salvar uma instituição destas? Pelo que leio, não. Vivemos e bem num sistema capitalista, em que as empresas mais fortes e competitivas triunfam, e as empresas incapazes encerram, vendem-se, vão à falência... assim reforça-se o valor das empresas que sobrevivem.

Se o que está na base da decisão é a "importância" do BPN no sistema financeiro português, ou as participações que o banco possa ter noutros sectores ou empresas, algo está mal... desde quando é que o BPN é um banco fundamental no nosso sistema...? Esse seria o único princípio que levaria a esta acção do Estado.

Escrevo um pouco a quente, pois faltam aqui pormenores, que podem ter levado a esta decisão do Governo. Mas como convicção isto é claramente um erro, e quem fica a arder, como sempre, são os contribuintes. Esta brincadeira vai custar no minímo 700 milhões de euros...

Closing Arguments

Após semanas algo intermitentes aqui no blog, ainda cá estou! Por isso, vale a pena postar algo com mais substância e que resuma o que penso das eleições americanas e Barack Obama.

Terça-Feira chega ao fim as eleições mais viciantes a que eu alguma vez prestei atenção. Embora seja um "political junkie" por natureza, nunca nenhumas eleições em Portugal mexeram tanto comigo. Poderá também ter a ver com o facto de não estar em Portugal, e ler e ver muito noticiário estrangeiro, que me fez focalizar mais na América cuja cobertura nos media, nos blogs e no You Tube é avassaladora.

Mas a principal razão é Barack Obama.

Admiro e admirei muitos políticos socialistas - Bill Clinton, Tony Blair, Zapatero, apenas para mencionar entre Presidentes e 1ºs Ministros - mas creio que encontramos em Barack Obama o primeiro líder do séc. XXI.

Primeiro, Barack Obama é um comunicador de excelência. Tem uma capacidade oratória fantástica, é muito claro, tem uma excelente dicção, e consegue atrair a atenção das pessoas. Como é óbvio, se fosse apenas por isto havia muita boa gente candidata a Presidente dos EUA...

Foi um aluno brilhante de Harvard, o primeiro afro-americano presidente da Harvard Law Review, professor de Direito Constitucional na Universidade de Chicago, o que nos diz que é uma pessoa inteligente, com mérito, e com capacidade para reflectir sobre os temas que irão desafiar a próxima Presidência.

Claramente é uma pessoa com discernimento, que contempla com muito cuidado os diversos assuntos, não é impulsivo como McCain foi quando se deu o crash na Bolsa, gosta de se rodear de especialistas que lhe dão opiniões factuais derivado da sua academia e experiência - já começam a ser famosas as reuniões que tem com o seu gabinete de economia ou de política externa.

E é alguém com capacidade de decisão. O lançamento da sua candidatura, a forma como a sua campanha foi gerida, a escolha de Joe Biden, a sua reacção a todos os temas que marcaram a campanha destas eleições sugerem que estamos perante uma pessoa que não se encolhe perante os desafios, que estuda com profundidade os dossiers, que sabe ouvir os especialistas, e que toma as suas próprias decisões.

Isto são tudo qualidades pessoais. Falta o factor ideologia. A combinação faz de Barack Obama o líder que a América e o Mundo precisam, na minha opinião.

E a ideologia significa libertar os EUA do conservadorismo neoliberal que aprisionou aquele País durante os últimos 8 anos com os resultados que se conhecem. Défice orçamental e comercial esmagador, 2 guerras sem sentido, crise económica, condicionamento dos sistemas de saúde e segurança social com tentativas falhadas de privatização, agravamento do nível e custo de vida, aumento do desemprego, aumento das desigualdades, nomeações desequilibradas para o Supremo Tribunal de Justiça com uma maior tendência ultraconservadora, militarização da política externa, unilateralismo, tentativa de descredibilizar o combate ao aquecimento global, políticas ambientais praticamente inexistentes a nível federal, etc etc etc.

Os Democratas irão trazer uma nova corrente política, cujas bases estarão assentes num sistema de saúde universal, combate à crise económica com políticas expansionistas e investimento público, e mudança do paradigma energético, com a criação de uma economia verde, que reduza a dependência do petróleo.

A partir destes 3 temas, veremos uma América mais preocupada com as pessoas de menores recursos e com a classe média. Veremos corte de impostos não para as grandes corporações e milionários, mas para quem realmente precisa, particularmente nesta crise. Veremos finalmente um modelo americano na saúde, universal e a baixo custo para todos os seus cidadãos. A garantia de sistema de segurança social público bem regulado, que garanta às pessoas o rendimento na aposentação para o qual pouparam durante uma vida trabalho. Veremos investimento público em infra-estruturas, que permitirão criação de postos de trabalho e ter um efeito multiplicador na economia - a receita Keynesiana. Veremos apoio a empresas energéticas e empreendedores que invistam nas energias alternativas e renováveis, apoios para a melhoria da eficiência energética de edifícios e habitações, e que permitirão aos EUA ter um papel de líder na economia verde do futuro, além da criação de novos empregos. Veremos o fim da ocupação americana no Médio Oriente, pelo menos para níveis aceitáveis que permitam a estabilização do Iraque e Afeganistão. Veremos o regresso do diálogo diplomático. Veremos o retorno do investimento na educação, nas escolas públicas, que permitam um ensino de excelência a todos os jovens americanos e não apenas a alguns.

Estes e outros temas irão ocupar a próxima Presidência dos EUA. Que terá muitos riscos.

O primeiro que salta à vista é o equilíbrio entre o investimento público que se anuncia e o balanço do orçamento federal. George W. Bush deixa uma herança terrível a nível financeiro, e será necessário prioritizar muito bem as necessidades dos próximos anos. O outro é a crise económica, que nos fará entrar em recessão nos próximos anos. Julgo que Barack Obama e o Partido Democrata sabem o que os espera.

As eleições americanas são importantes porque projectam uma imagem para o Mundo. Ao contrário do que julga os resultados nos EUA são importantíssimos. Não só pela questão da política externa, ou da economia.

Será o primeiro afro-americano eleito Presidente dos EUA. É um acontecimento histórico, que certamente ajudará a mudar a imagem da América no Mundo, particularmente o sentimento anti-americano nos países islâmicos. Mas também será muito importante pelo exemplo para as organizações políticas nos outros Países. Não tenho dúvidas nenhumas que esta campanha de Obama será uma trade-mark para todos os partidos socialistas/sociais-democratas/democratas/trabalhistas desse Mundo fora.

Veremos os temas políticos, a forma e o estilo da campanha de Barack Obama certamente reflectidos. E isso é bom. Porque a campanha de Obama foi excepcional, e porque acredito que a sua direcção e temas políticos são o futuro para a minha geração.

É por isso que tenho muita esperança em Obama. Não sou o único. Está à vista de praticamente todas as pessoas.

Se Barack Obama ganhar na 3ª Feira, como acredito que ganhará, o Mundo será um lugar melhor no futuro. Pelo menos temos essa Esperança, o que já não é pouco...

And these are my closing arguments! Yes We Can !