"Um colunista faz da desconfiança a sua profissão. E por isso é crítico. Pessimista. Relutante. É a herança de uma longa tradição da imprensa enquanto watchdog, e bem vistas as coisas esse cepticismo é uma das mais nobres qualidades que um produtor de opiniões tem para oferecer. Só que há uma reserva mínima de esperança na natureza humana que me parece indispensável manter; uma capacidade de acreditar no futuro e de reconhecer um político incomum quando ele aparece. Não se trata de achar que Barack Obama vai endireitar o mundo a partir da Casa Branca. Trata-se de acreditar que ele tem talentos excepcionais para exercer o cargo de presidente dos Estados Unidos da América. Em quase 35 anos de vida, nunca encontrei um político que me fascinasse tanto e não faria sentido esconder essa admiração com medo do erro ou da desilusão. Se há alturas na História em que devemos correr o risco de acreditar, esta é com certeza uma dessas alturas. E por isso eu sou por Obama, como nunca fui - e muito provavelmente nunca voltarei a ser - por outro político. Mesmo que em Novembro ele acabe derrotado. Ou pior: mesmo que eu acabe derrotado, com Mário Soares a aconchegar-me o ombro e Ana Gomes a estender-me os kleenexes."
João Miguel Tavares, hoje no DN
Tuesday, September 2, 2008
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